quinta-feira, 24 de setembro de 2009

COMO SABER SE SEU FILHO É VICIADO NA INTERNET?

VEJA COMO PODE IDENTIFICAR OS SINTOMAS: Há quase quatro anos, a arquiteta Beatriz (*) vive um pesadelo. O filho dela, Lucas (*), de 22, não larga o computador por nada. Vara noites inteiras jogando Tibia ou Rag Narok com os amigos, passa horas no Orkut e aposentou o telefone, substituído em todas as conversas pelo programa de mensagens instantâneas MSN. Quando Lucas passou 48 horas plugado e dormiu outras 36 seguidas para se recuperar da exaustão, Beatriz percebeu que o caso era grave e considerou a possibilidade de procurar ajuda profissional. O primeiro sintoma de que as coisas estavam fugindo de controle ela já notara quando Lucas começou a faltar e a ter notas baixas na escola, que acabou abandonando há dois anos pois, segundo ele, ''os professores não tinham nada de útil para ensinar''. Depois veio a agressividade e o completo desinteresse por tudo o que não se relacionasse com o mundo cyber. Beatriz tentou de tudo: trancou o quarto onde o PC estava instalado - o filho arrombou a porta; escondeu o teclado na casa de amigos - ele descobriu quem eram e o recuperou. Por fim, decidiu levar o acessório para o trabalho todos os dias. Nem assim ele se deu por vencido. - Ele contou uma história triste para o avô e conseguiu o dinheiro para comprar outro teclado sem fio, que passou a guardar a chave - lembra a mãe. A epopéia de Beatriz estava longe do final. Viúva, a arquiteta licenciou-se do trabalho para cuidar do filho que sofre de lesões musculares significativas, está em tratamento fisioterápico mas ainda se recusa a encarar uma terapia. - Sinto que meu filho está dependente. Mas quando falo em procurar um psiquiatra, ele diz que a maluca sou eu - relata. Quem pensa que a história de Beatriz e seu filho é uma exceção está desinformado. Segundo estudo do Ibope/NetRatings, o uso da internet em residências brasileiras cresceu 10% só nos primeiros nove meses de 2005 e, de julho a setembro, cerca de 13,5 milhões de brasileiros utilizaram a internet em casa. Hoje, 32,1 milhões brasileiros têm acesso à rede mundial de computadores. Como conseqüência, cresce a sensação de necessidade de estar plugado, especialmente entre adolescentes ou adultos jovens. Segundo o psicanalista José Renato Avzaradel, membro da Sociedade Brasileira de Psicanálise do Rio de Janeiro, há várias razões para o fascínio que a internet exerce sobre os jovens: - Ela sempre dá resposta, criando a sensação de que se está em todo e qualquer lugar, e que se sabe tudo. A companhia imediata e a impressão de onipresença e onisciência são muito sedutoras - analisa Avzaradel. O psicanalista assinala que o fenômeno dos viciados nas tecnologias disponíveis pelo computador toma proporções crescentes em todo o mundo e que as suas características são as mesmas da dependência de qualquer tipo de droga. - O dependente precisa passar cada vez mais tempo diante da tela e, se for privado de usar o computador, tem os sintomas clássicos da crise de abstinência - alerta. A secretária Bruna de Souza, de 21 anos, assume-se viciada em computador e seus filhotes: Google, Orkut e MSN. Depois de um dia de trabalho e estudo, Bruna chega em casa e ainda liga o computador: - Tem dias em que fico até com dor de cabeça. É um vício muito forte - admite Bruna, que não faz nenhum esporte e limitou as idas ao cinema. Para Fábio Barbirato, chefe do Serviço de Neuropsiquiatria da Infância e da Adolescência da Santa Casa da Misericórdia do Rio de Janeiro, a dependência do computador é uma forma de transtorno compulsivo. - Nossa sociedade criou uma geração de jovens que não se relaciona mais com os outros ao vivo. O contato pelo computador não estimula os cinco sentidos. Eles se aproximam mas não se olham nos olhos. Podem camuflar sentimentos e se proteger. Só que não vão poder se proteger pela vida inteira - adverte Barbirato. Preocupadas com a questão, as Academias de Medicina e de Pediatria americanas estabelecem em quatro horas diárias o tempo limite de exposição ao computador sem seqüelas físicas ou mentais. - Os jovens ficam cada vez mais isolados, têm pouca ou nenhuma tolerância à frustração, ''deletam'' as pessoas que os incomodam e não vivenciam lutos. Isso tem conseqüências importantes para o futuro. Só podemos ser adultos elásticos se construirmos uma boa habilidade social na juventude - sinaliza o psiquiatra. Aos pais cabe a ingrata tarefa de impor limites e procurar ajuda especializada quando a situação foge de controle. Este é o dilema da dona de casa Mariangela Medeiros, mãe de Thiago, de 14 anos. Moradora de uma movimentada avenida na Ilha do Governador, ela se queixa da falta de opções de lazer. - Com esta insegurança da cidade, meu filho não pode mais brincar na rua - lamenta. Por essas e outras, o estudante passou as férias plugado ao computador conversando com os amigos virtuais e visitando sites com modelos de carros, pelos quais é fissurado. - Só sei falar pelo computador - informa. Os especialistas são unânimes. Nos casos mais graves, além da terapia para o dependente e sua família, pode ser necessária uma medicação controlada para reduzir a ansiedade que conduz à compulsão. Como em qualquer tratamento, o caminho pode ser longo e nunca livre de algumas recaídas. É certo que a internet é uma ferramenta fantástica, os jovens precisam ter atividades e conhecer novas linguagens. - Todos temos de aprender a viver com a modernidade e usar os recursos tecnológicos a nosso favor. Tudo o que é repetitivo, descontrolado e sem limite vira doença - resume o Barbirato. (*) Os nomes foram trocados a pedido dos entrevistados. Perfil dos dependentes - Lêem pouquíssimo. Lêem poucos livros e revistas. Mas o que se faz durante 99% do tempo que se está diante do monitor, navegando pela Internet? Lendo e escrevendo. Certamente, lêem e escrevem mais do que escreviam os "especialistas" na idade deles, que passavam o tempo livre vendo TV, sem interagir, nem discutir, nem ler, nem escrever, nem pensar... - Escrevem errado pois os textos das mensagens são cifrados. - Dificilmente praticam esportes ou qualquer outra atividade física. A pergunta aqui é o que causa o que: Se é a falta de gosto pelos esportes que leva à Internet ou se é a Internet que tira o gosto pelo esporte. Aposto 99 contra 1 na primeira opção. - Têm mais tendência a desenvolver problemas oculares, pois passam muitas horas expostos à radiação da tela. - Apresentam doenças musculares precoces decorrentes do esforço repetido, como tendinites, artrites, Lesão por Esforço Repetitivo (LER), entre outras. - Têm dificuldades de relacionamento interpessoal. Aqui, mais uma vez, aponta-se a conseqüência como se fosse causa. É a dificuldade no relacionamento interpessoal que leva ao vício em Internet, não o contrário. - Quando trabalham, geralmente têm dificuldades de adaptação à rotina profissional. Segundo o psicanalista José Renato Avzaradel, membro da Sociedade Brasileira de Psicanálise do Rio de Janeiro, há várias razões para o fascínio que a internet exerce sobre os jovens: Por que jornal tem sempre que chamar psicanalista para dar palpite em tudo quanto é assunto? Ah, sorry, a resposta é óbvia: porque psicanalista tem sempre um palpite para dar em tudo em quanto é assunto. - Ela sempre dá resposta, criando a sensação de que se está em todo e qualquer lugar, e que se sabe tudo. E está mesmo. E sabe tudo sim. É versão pós-moderna do Oráculo de Delfos, só que mais eficiente e divertida. A companhia imediata e a impressão de onipresença e onisciência são muito sedutoras Ao contrário das aulas e das sessões de análise. - Nossa sociedade criou uma geração de jovens que não se relaciona mais com os outros ao vivo. Bullshit. Na verdade, os meios de comunicação criaram um retrato de sociedade que só tem um objetivo: induzir fobias. Ou será possível ler jornais - ou assistir a telejornais - por 3 dias seguidos sem desenvolver agorafobia e fobia social? A Internet é conseqüência. - Os jovens ficam cada vez mais isolados, têm pouca ou nenhuma tolerância à frustração, ''deletam'' as pessoas que os incomodam e não vivenciam lutos. Isso tem conseqüências importantes para o futuro. Só podemos ser adultos elásticos se construirmos uma boa habilidade social na juventude - sinaliza o psiquiatra. Está chutando. Na verdade, não se pode afirmar ainda que tipo de indivíduo vai surgir daí, de maneira análoga à "geração TV", que não concretizou nenhuma das previsões apocalípticas do ideólogos das décadas de 50, 60 e 70. - Com esta insegurança da cidade, meu filho não pode mais brincar na rua - lamenta. Incrivelmente, o diagnóstico mais preciso da situação vem sem PhD. Os especialistas são unânimes. E, como toda unanimidade é burra... - Têm mais tendência a desenvolver problemas oculares, pois passam muitas horas expostos à radiação da tela. É o mesmo que passar horas olhando para uma lâmpada fluorescente de alta potência a menos de um metro do nariz. - Apresentam doenças musculares precoces decorrentes do esforço repetido, como tendinites, artrites, Lesão por Esforço Repetitivo (LER), entre outras. Especialmente porque ergonomia é "coisa de fresco". Compra-se um supercomputador de 4 mil reais para ser usado numa mesinha de 50 paus comprada a prestação no Shopping Matriz com um banquinho torto sem encosto nem braço. Isso quando não se digita sentado na beirada da cama. Termino com uma citação: "Tudo o que dá prazer provoca dependência". Ou a mesma coisa, só que mais gaiatamente: "Tudo o que é bom é ilegal, imoral ou engorda". deniseweller reply Fonte: Denise weler- site 24 horas

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